Coloco "Cidadão Instigado" pra tocar. Vou arrumar espelhos. Falo para as pessoas que estiverem na sala:
-Festa de família. Natal, talvez. De noite.
(... )
-Não! Sou eu que fugi da família, fugi de casa, fugi de todo mundo procurando todo mundo. Sou eu tentado encontrar na solidão a mim e ao outro. Quem? Quando? Para. Vive, vive apenas. Rilke bem que me avisou que era pra acostumar-se com a presença das perguntas, em vez de angustiar-se com a ausência das respostas. Era, disse ele, para admirar a beleza do não- saber, sem muito mais. Já não sei se foi exatamente isso o que ele disse, mas pelo menos foi assim que tudo aquilo se imprimiu em mim. Chega. A festa de família voltou. Tomo um gole de vinho, meio atordoada. Tudo passou muito rápido e agora me vejo outra vez aqui, sem saber exatamente por que. Chega.
Levanto e vou até o banheiro. Descarrego.
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