Essa é minha avó, Mathilde, e esse é meu avô, Hamilton. Juntos, eles tiveram quatro filhas: Maria Cristina, Tom, Marisa e Tereza. A Maria Cristina teve dois filhos, a Maria, que teve a Laura, e o Marcos. O Marcos, depois de dez anos de casado, se separou e mandou um e-mail para a toda a família contando que era gay, e ficou tudo bem. O Tom era gay. Eu não tenho muitas imagens dele na minha cabeça, porque ele morreu de Aids quando eu era bem criança, no boom da doença no início dos anos 90. Eu tenho duas imagens dele. Uma sou eu no carro conversível dele, daqueles que abre o capô, passeando pela praia de Copacabana com o vento batendo no rosto. A outra é ele deitado na cama, no quarto do final do corredor da casa da minha avó. Ele já estava mal nessa época, e eu lembro que eu não sabia exatamente o porquê, mas eu não podia chegar muito perto daquele quarto. A Marisa é a minha mãe e teve a Thatyana, minha irmã, que teve a Paula, e eu. Quando eu tinha 22 anos eu escrevi uma carta para os meus pais contando que eu era gay. E a gente ainda tá trabalhando isso. A Teresa teve quatro filhas: a Violeta, a Helena Flor, a Paloma, que teve a Sofia, e a Mariana, que teve a Yasmin e o Caio. Na minha família, todas são mulheres. Os únicos homens, viraram gays. Menos o Caio, que tem quatro anos, mas todo mundo olhou estranho pra ele quando ele pediu uma boneca no último Natal.
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