sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

manga na boca

[1 pessoa - afastado - comendo manga]

Vc gosta de manga?

(Se sim, oferece e pergunta:

De que
maneira costuma comê-los? Com a boca toda, não é? Abre-se
pelo meio; depois apertamos com os dedos até escorrer o sumo...
como dois lábios carnudos... Que delícia! 

Se não, responde: eu adoro)

Na minha casa, sempre tinha uma cesta de frutas. Mas, na época do Natal, tinha bem umas três cestas... e uma delas era quase inteirinha de manga.
O cheiro de manga me leva direto pro Natal na casa da minha avó. Engraçado que eu lembro do cheiro do Natal na minha casa, mas do cheiro da minha casa mesmo, eu não lembro... Sabe?

Aquela espécie de cheiro particular de
cada casa! Da sua, da minha... – mas na nossa, nós já não sentimos
mais, porque já é o cheiro da nossa própria vida...

Eu não consigo mais lembrar qual era o cheiro da minha vida.
A casa era enorme. Eu morava lá com os meus avós, minha tia, minha mãe e meus irmãos.

Tinha 4 quartos, duas suítes, 3 salas, 1 salão de festas, 1 jardim de inverno, 1 lavanderia, 1 cozinha, 1 copa, 1 vestiário, 1 piscina, 1 pé de cacau, 1 quarto de costura, 1 garagem pra 6 carros, 1 pé de cacau e o meu canto preferido - a biblioteca, que tinha cheiro de mofo e livro novo, ao mesmo tempo -

eu morei lá a vida toda.

Aí minha mãe foi pra Vinhedo, minha irmã foi pra Minas, meu avô foi pro céu e eu vim pro Rio.
E a casa ficou grande pra minha avó e a minha tia.

Ano passado, elas venderam a casa e a gente passou o último Natal lá.
Agora já entregaram, já demoliram, doaram os 5 mil livros do meu avô e esse ano vai ser meu primeiro Natal em outro lugar...

Tomara que ainda tenha cheiro de manga...

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