Sobre a experiência na C A S A V A Z I A
Havia uma conexão entre as
pessoas e das pessoas com aquele lugar. E por um tempo, para mim, foi como se
não houvesse espaço lá fora, vida além dali, e perdi completamente a noção do
tempo, esqueci de ver que horas eram e também não importava. Tinha muito amor
ali, amor entre as pessoas, amor com o lugar, amor com o trabalho. Dionísio
esteve ali 24 horas com certeza, e fez a festa. Outro que participou ativamente
foi São Pedro, porque a chuva que caiu foi providencial. Foi só pra gente poder
sentir o cheirinho da chuva, e ouvir o barulho dela no telhado, tomar banho de
chuva e sentir a grama molhada no pé enquanto Samuel se lembrava da infância.
Era muita sinceridade nas
relações, no que foi apresentado. No mundo “real” somos mais fechados, difícil
ter uma relação assim aberta com o outro. O que pôde acontecer ali foi raro,
foi poesia, foi de uma delicadeza de sentimentos e sensações que eu queria pra
sempre. Uma experiência pra se lembrar em certos momentos.
Tocaram no sutil, no delicado,
nas pequenas coisas lindas da vida: o almoço compartilhado, o café com bolo de
fubá, as lembranças, os segredos e os artistas... tanta sinceridade. Isso foi o
que mais me tocou de tudo, me sentir conectada com as coisas mais singelas.
Acho que casa é um lugar que te trás isso de alguma forma, porque é aconchego,
é intimidade, é estar à vontade... proteção... é poder relaxar.
Sei lá, em cada um bate de um
jeito, claro. Em mim foi assim: me tocou a singeleza, o sutil, as pequenas
trocas. E foi lindo!
Aliás, foi muito louco porque
às vezes eu não sabia se via uma cena ou não. Era tudo tão honesto, tão
verdadeiro que sei lá. Foi difícil ver a construção em algumas coisas, parecia
tudo improviso, quero dizer, uma conversa que simplesmente aconteceu... as
transições pras cenas foram muito leves. Parecia que cada um falava a sua
história porque deu na telha falar, sei lá. Pareceu que eu só estava ali na
casa de uns amigos e, às vezes, rolava umas conversas; que o Samuel sentou pra
bater bolo na sala só por coincidência, que o Ricardo e a Mariah brincaram com
os imãs da geladeira só porque ocorreu deles estarem ali mesmo. Claro, que era
perceptível o trabalho construído, pensado, bem dirigido. Mas sei lá, na hora a
gente acredita que tá vivendo aquilo, aquele momento e só. Não parece teatro
entende. Não sei se to me fazendo entender. Tá tudo muito fresco ainda. Percebo,
principalmente agora avaliando com calma, que foi tudo muito bem pensado,
ensaiado, preparado. Mas pra gente que assistia parece só que simplesmente
aconteceu!
(e ainda to encucada porque a
Cris, no banheiro, contou a mesma historia que a Mariah tinha contado no jogo
um pouco antes na sala, quando pegou o papel escrito “meus pais”... ainda quero
saber quem que, afinal, olhava o vizinho pela janelinha do banheiro...).
Um dos momentos que achei mais
incrível foi ficar escutando a Mariah falar ao telefone enquanto fazia
brigadeiro. Parecia que ela não via a gente ali e que eu estava espionando a
vida dela, que, afinal, tava ali só fazendo uma coisa normal num dia normal. Ao
mesmo tempo, eu, quietinha na minha, senti que também não era vista, que estava
segura ali sentada fingindo que não fazia nada enquanto ia ouvindo ela, e ia me
identificando com o que ela dizia, pensando...
Ah galera, eu fui realmente
tocada por esse trabalho, pela forma como ele aconteceu! Escrevi para tentar
entender o porquê, mas algumas coisas ficam no plano do subjetivo mesmo. Foi um
dia lindo! Obrigada e Parabéns pra vocês todos.
Camila
Barra
p.s.: Mariah, dos quatro você
era a única que eu não conhecia e simplesmente adorei você! Parabéns pelo
trabalho. Samuca, Cris e Ricardo, vocês são lindos sempre! <3
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