terça-feira, 28 de outubro de 2014

apresentação Ricardo

Meu nome é Ricardo. Cabral. Cabral Pereira – mas é verdade é que Pereira é meu sobrenome renegado. Não sei, acho feio. Não gosto do som – Pereira. Nasci no dia 09 de abril de 1990, às quatro e vinte da manhã – e juro que foi quatro e vinte mesmo, pura ironia do destino. Sou brasileiro, homem e gay, vinte e quatro anos. Sou carioca mas nasci em Petrópolis. Petropolitano. Pouco antes do meu parto, minha mãe viajou para um antigo sítio da família, em Pedro do Rio. Ela já tinha feito o mesmo quando do nascimento da minha irmã mais velha e do irmão que nunca chagamos a conhecer. Queria que nascêssemos perto da natureza, no meio do mato e longe da cidade. O lugar depois foi vendido. Queria muito lembrar de lá.

Sou ator. E para poder ser ator, me desdobro nas aulas de espanhol e nos freelas de tradução, revisão e assessoria de imprensa. Faço qualquer coisa que der – mas aprendi que dignidade não se vende.

Sou de Áries, mas o elemento que menos tenho no meu mapa é fogo. A verdade é que sou um grande pisciano, com uma neca de fogo que me faz não ter medo de seguir em frente, por mais escuro que tudo pareça. Mas não tem jeito: sou da água do mar, lá do meio do oceano, onde tudo parece infinito demais, profundo demais, grande demais para que eu mesmo consiga... não sei.

Pensar em como me apresentar foi absolutamente desesperador. E sei que não me apresentei. O ponto é que é difícil dizer quem sou, porque olhando pra trás vejo quantas vezes já fui e não sou mais. As transformações da vida, as voltas em que ela nos leva, são fascinantes, mas também cansativas. As coisas nunca param, a roda sempre gira, e às vezes não tenho tempo nem mesmo de acostumar ao que virei e... já estou diferente de novo. Acho que é por isso que, olhando pro futuro, não sou desses que diz de boca cheia que quer viver cem anos. Não, é muita coisa. Não preciso de tanto. Não sei se aguento tanto. Viver dá muito trabalho.

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